16.6.15

Budismo

Um bom resumo do que é o budismo, que retiro deste livro:

"All I can tell you is to watch yourself, to watch your own life, try different things out and see what works for you. What works, keep doing; what doesn’t work, discard and go on to something else."


15.6.15

Ouvidos alucinados

O interesse na leitura, mágica como um sonho profundo, havia enganado meus ouvidos alucinados. 


9.6.15

Que graça tem

Ausento-me, por tempo indeterminado do Facebook e de outras redes sociais. Não cheguei a fechar nenhuma conta, mas não vou mais usá-las, a não ser quando alguém entrar em contato comigo por lá. Não só passei a ficar mais envergonhado de tudo o que posto, como se tornou sem sentido: para que e especialmente para quem postar? Não há ninguém mais que eu faça questão de que acompanhe a minha vida, ou minhas reflexões -- e se há alguém, esta pessoa não faz parte das minhas redes.

Há também uma razão distinta: a vida das pessoas tem me interessado cada vez menos, o que considero um motivo de celebração, pois assim não perco o encanto pelas vidas que realmente importam, as de um Moses Herzog, de um Charles Swann, de um Alex Portnoy, de um Holden Caulfield. São essas vidas que realmente importam, não a do cara que trabalhou comigo na empresa X e posta fotos no Outback ou no restaurante cool da Vila Madalena.

Essas reflexões, bastante recentes e advindas dessa decisão de me ausentar assim, me trouxeram à memória uma descrição das casas japonesas, a partir do relato de Lafcadio Hearn.

Em uma casa japonesa, durante as estações mais quentes, tudo é jogado e aberto do lado de fora para tomar sol. Todos os shoji ou telas de papel de correr, que servem de janelas, e todas as telas de papel opacas (fusuma), usadas em outras estações para separar os apartamentos, são removidas. Nada fica entre o chão e o teto, salvo a estrutura ou o esqueleto da casa, que fica literalmente sem paredes e pode ser vista do lado de dentro de qualquer direção. O proprietário, quando acha que a multidão que se junta ao redor muito o constrange, fecha a casa na frente. A multidão, silenciosa e sorridente, então vai para os fundos. Os fundos também são então fechados. Então as massas vão para a direita e para a esquerda da casa; e ambos os lados têm de ser fechados, o que torna a morada insuportavelmente quente. E a multidão protesta, sempre moderadamente.

Pelo que nosso anfitrião, certamente insatisfeito, a repreende com argumentos e com a razão, ainda que sem elevar seu tom de voz. (Nunca essas pessoas elevam seu tom de voz, mesmo quando estão com raiva.) E o que ele diz esforço-me em traduzir, com a ênfase necessária, como se segue:

“Vós para que esse ultraje fazer — o que de maravilhoso há?
Teatro não há!
Malabarista não há!
Lutador não há!
Que graça tem?
E de comer hora é; e olhar é algo mau. 
Honorável hora de voltar, olhar que bem faz?”

2.6.15

Aí é que erramos

Pensar que algo é repulsivo ou que algo é atraente são ficções de nossa própria imaginação. Conforme vamos gradualmente conhecendo alguém, sentimentos de intimidade se aprofundam por tal pessoa que achamos compatível e criamos o sentimento de que elas são atraentes. É precisamente por causa dessa circunstância que, ao seguirmos o caminho da afeição, não importa o quanto ela afete nossas vidas, os laços de ternura também aumentam. Quando desenvolvemos sentimentos de amor deste modo, ele parece inevitável, e não importa o quanto reviremos isto em nossas cabeças, está criado o amor, e sem nenhum traço de ódio. Quando o amor chega a um extremo, e achamos que, ainda que vivamos cem milhões de anos, nossos sentimentos jamais mudarão, aí é que erramos.

O texto acima, uma espécie de gênese amorosa, podia ser de Marcel Proust ou do Professor Levy. Mas não, foi escrito por um monge zen do século 17.